“Cada Espírito escolhe a força em que se inspira.” Emmanuel/Chico Xavier – livro Seara dos Médiuns
Na convivência humana continuamente influenciamos e somos influenciados, nas interações e trocas que caracterizam a vida de relações.
As pessoas sempre produzem e mobilizam energias de acordo com a qualidade do que elaboram mentalmente. Tudo o que pensam, sentem e falam gera vibrações e campos energéticos, os quais sintonizam com outros de teor semelhante, segundo a lei de afinidade vibratória que vige em todos os departamentos da vida cósmica.
Desse modo, todos nos influenciamos mutuamente em incessante intercâmbio psíquico, mesmo que não nos apercebamos do fato nem manifestemos nenhuma faculdade mediúnica ostensiva.
As fontes de informação que a pessoa escolhe naturalmente refletem as preferências individuais, revelando as mensagens que chamam a sua atenção e que mais lhe agradam. Os livros que lê, as músicas que ouve, os filmes a que assiste, as conversas de que participa, tudo é fonte inspiradora para sua vida, cujo conteúdo fica gravado nos painéis profundos do ser.
Os seres sintonizam uns com os outros, nos diferentes planos vibratórios em que vivem, e naturalmente os desencarnados exercem influência sobre as mentes mergulhadas na matéria. Os habitantes do plano físico também influenciam os demais seres encarnados, bem como os desencarnados, principalmente aqueles com os quais possuem afinidades ou vínculos específicos.
Quando alguém é acometido por pensamentos e sentimentos desequilibrados e induzido, direta ou indiretamente – seja por encarnados ou desencarnados – à pratica de atos infelizes, isso se deve à receptividade que sua estrutura psíquica oferece. Só se faz o que se deseja, ou o que se permite, por condicionamento, concordância, cumplicidade ou conivência com as ideias alheias. Esse tipo de indução ao erro ocorre porque o ser humano ainda possui em seu psiquismo núcleos desequilibrados que respondem às influências negativas. Portanto, essas matrizes desarmônicas, muitas das quais trazidas de existências anteriores, permitem a sintonia com forças obscuras que se lhe impõem. À medida que se purifica e vivencia as lições evangélicas através de hábitos e condutas renovados, o ser gradualmente torna-se imune às ideias inferiores, ao mesmo tempo que se faz mais receptivo às forças luminosas e sábias que orientam a sua evolução.
Todas as criações humanas, nas mais diversas áreas: ciências, tecnologia, artes, filosofia ou religião, são favorecidas pela inspiração que seus autores recebem. Ninguém cria nada sozinho. Muitas vezes uma descoberta da ciência, uma inovação tecnológica ou mesmo uma composição musical tem início nos recônditos da mente, por onde consciências elevadas irradiam suas inspirações, auxiliando anonimamente os seres humanos a se elevarem e progredirem.
A vivência de um caminho espiritual favorece muito a inspiração, pois a prática regular de oração e meditação, o exercício das virtudes, a autotransformação mediante o autoconhecimento e a vivência da fraternidade pura naturalmente desobstrui e purifica os canais psíquicos pelos quais flui a inspiração do Alto.
A influência que recebemos depende das escolhas que fazemos. Só somos inspirados pelas vozes – do além ou deste mundo – que encontram receptividade em nós. Prestamos atenção àquilo que nos interessa e recebemos sempre o que buscamos. Portanto, a inspiração não é fenômeno puramente passivo, mas interativo, em que aquele que é inspirado seleciona o que lhe chega à consciência e filtra os conteúdos segundo seus critérios pessoais.
A inspiração segue a aspiração. Se queremos ser inspirados por seres elevados, receber ideias luminosas e sábias para resolver adequadamente os desafios da existência e ter uma vida criativa, devemos primeiramente aspirar a essas conquistas, ou seja, querer ardentemente tais dádivas. Para isso, precisamos nos tornar receptivos mediante a purificação interior, e “merecedores”, pelos constantes serviços que ofertarmos ao bem comum. Somente desse modo criaremos as condições propícias para recebermos as respostas do mundo interior.
A inspiração depende também da “transpiração”, ou seja, do esforço pessoal. À medida que nos empenhamos pela melhora interior, que nos esforçamos no desempenho das tarefas que a vida nos confiou, naturalmente nos credenciamos, de acordo com leis sábias e justas, a recebermos o que for necessário como revelação e orientação interna, em cada situação da existência.
A inspiração é favorecida pela ação. Ao pormos em prática o que sabemos, agindo no bem, abrimos cada vez mais os canais interiores por onde o fluxo da inspiração se manifesta. As ideias luminosas dos seres elevados encontram eco nas almas operosas e trabalhadoras, que se fazem instrumentos vivos da sabedoria e do amor.
Somos continuamente influenciados, por forças e mentes de todos os tipos e níveis de consciência, desde as inferiores que se comprazem na ignorância que prejudica e perturba, até as sublimes e puras que, doce e amorosamente, nos convidam à conquista da paz e da felicidade. Cabe a cada um, através dos conhecimentos espirituais que possui, do discernimento e da reflexão, pelo exercício do livre-arbítrio, escolher e aceitar as inspirações mais elevadas, para o benefício de todos, a começar de si mesmo.
Ao reconhecer e acolher com reverência a inspiração do Alto, convertendo-a em ação edificante, cada um estará permitindo que as luzes celestiais iluminem o caminho humano na sua jornada libertadora.
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