PROTEÇÃO ENERGÉTICA NA REFORMA ÍNTIMA
"Se tendes amor, possuís tudo o que há de desejável na Terra, possuís preciosíssima pérola, que nem os acontecimentos, nem as maldades dos que vos odeiem e persigam poderão arrebatar.
Se tendes amor, tereis colocado o vosso tesouro lá onde os vermes e a ferrugem não o podem atacar [...]."
Um espírito protetor (Bordéus, 1861).
O Evangelho segundo o espiritismo, capítulo 8, item 19.
Quando uma casa vai ser reformada, procura-se tomar várias precauções para que a desordem temporária não afete a segurança e o bem-estar dos moradores e operários. A reforma íntima igualmente solicita prevenção e cuidados de todos nós para que os movimentos emocionais não fragilizem a nossa proteção energética e mental.
Muitos seguidores do espiritismo, ao assumirem cumplicidade com sua melhoria moral, expõem-se ao domínio da raiva dilacerante. Esses espíritos sentem raiva por serem quem são e fazem-se adversários de si próprios, entrando em conflitos e desgastando-se em profundas frustrações por não conquistarem suas intenções de progresso tanto quanto gostariam. Exigem de si mais do que aquilo que dão conta, criando um clima de terrorismo emocional.
Essa conduta favorece uma vulnerabilidade às influências tóxicas da vida, perturbando a vitalidade da aura e dos corpos espirituais sutis. Agir dessa maneira consigo mesmo é como fazer uma reforma na casa sem as precauções contra riscos de acidentes, descuidando de planejar e prevenir possíveis dissabores e acontecimentos infelizes.
O que torna uma estrutura energética e mental frágil e acessível às influências espirituais ou ambientais vem de dentro da própria pessoa, na forma inadequada com que ela se organiza internamente. O nosso maior inimigo, portanto, está em nossa própria vida interior, concretizando-se em nossas maneiras de lidar com o que acontece na vida psíquica e emocional. Dependendo da forma como encaramos os acontecimentos, fragilizamos nossa proteção energética e possibilitamos laços espirituais parasitários.
Entretanto, por uma questão cultural, muitos companheiros da doutrina, habituados a examinar a vida emocional sob a perspectiva das interferências espirituais, deslocam esse foco de ordem emocional para o terreno das obsessões, supondo-se vítimas de nocivas atuações de espíritos do mal. Essa forma de exame foi responsável por desenvolver em vários grupamentos doutrinários uma supervalorização da atuação dos obsessores e um ofuscamento do entendimento sobre os mecanismos dos sentimentos e pensamentos no comportamento humano. Os que "estão fora" só se tornam fatores agressores quando nós próprios descuidamos de nossa parte no processo de harmonia interior e proteção.
Uma reforma íntima à luz do amor não só orienta o rumo a seguir mas também deve determinar os cuidados necessários de defesa nessa grandiosa e lenta jornada transformadora.
Temos dentro de nós o mais poderoso escudo emocional de proteção e segurança pessoal, e ele se chama autoamor. Acolher amorosamente a nós mesmos é como tecer uma manta energética que nos assegura bem-estr, saúde, alegria e prosperidade e imuniza-nos contra as mais diversas formas de exploração de forças, favorecendo a ordem na vida interior durante o processo de aprimoramento.
Seria muito oportuno que as casas de espiritismo cristão se devotassem ao estudo sério das principais emoções gestoras de contaminações, explorações, invasões e ataques parasitários que formam os quadros de obsessão complexa e especializada para educar seus médiuns, trabalhadores e simpatizantes a entenderem que somos os únicos responsáveis por aquilo que nos acontece.
Existem também diversas condutas na vida que são condições fecundas para instalação das vinculações espirituais, energéticas e mentais saudáveis e libertadoras.
No intuito de colaborar com essa iniciativa de gestar conteúdos reflexivos, façamos uma pequena lista de exercícios e aprendizados emocionais importantes na tarefa de melhoramento espiritual a fim de que evitemos tropeços, desgastes e desordens que possam nos deixar vulneráveis energética e mentalmente nos aprendizados da reforma íntima:
>> Evitar as expectativas muito elevadas. Elas costumam ser a causa principal da presença da mágoa, e uma pessoa magoada é forte candidata a ingerir os venenos da decepção, do ódio e da tristeza, estados íntimos favoráveis às agressões energéticas. Podemos esperar o melhor, mas com aceitação e perdão quando não conseguirmos atingir as metas que tanto almejamos.
>> Ter um olhar educativo para os conflitos. Necessitamos interpretar os conflitos como sintoma íntimo de que temos algo essencial a resolver pelo nosso bem. Estados de conflitos íntimos persistentes são geradores de angústia, a emoção que alerta para a existência da desorganização interna, que, por sua vez, é uma torneira totalmente aberta para a queda repentina de vitalidade. O conflito é a mola de propulsão para avançarmos na direção da nossa melhoria e amadurecimento.
>> Aceitar que ninguém consegue ter controle sobre tudo na vida. O esforço neurótico de controlar é um exaustor de energia da serenidade e um produtor de medos incontroláveis. A vida é um fluxo que nos convida a sincronizar nossa mente com o ritmo dos acontecimentos e da realidade.
>> Observar a irritação com um novo olhar. Quando a irritação surge na vida emocional, ela está emitindo um recado do coração que diz mais ou menos assim: "Você está ultrapassando seus limites, algo está em desacordo com suas necessidades. Observe, reflita e corrija o que está acontecendo." A irritação é um curto-circuito no sistema defensivo descompensando seu equilíbrio de forças na aura, e os caminhos energéticos da existência só serão abertos quando houver a substituição das frases indicadoras de ausência nos limites: "tenho que...", "deveria ter...", por essas outras formas libertadoras: "eu escolhi...", "eu necessito...", "eu quero...". A inconsciência de limites promove exaustão de energia vital, fundamental para o equilíbrio do sistema nervoso. Respeito aos limites é um processo de educação de nossas forças e habilidades que alinham nossa mente ao equilíbrio e à serenidade.
>> Evitar fixação prolongada nos aspectos sombrios. Ao destacarmos os aspectos desagradáveis que carregamos ou aqueles que fazem parte da personalidade das pessoas com quem convivemos, fortalecemos esses traços em nós ou passamos a carregar as mesmas dores e necessidades das pessoas que criticamos, instaurando-se o clima da descrença, do pessimismo e da animosidade. O exercício de olhar a vida de uma forma mais otimista e destacar o luminoso na vida e nas pessoas é uma atitude imunizadora em nosso favor, metabolizando fluidos elevados responsáveis pela serenidade na vida psíquica.
Esses cuidados, e muitos outros que poderemos movimentar na caminhada espiritual de crescimento, são atitudes de amor para conosco. São preventivos contra repercussões desfavoráveis de nossas necessidades morais.
Como assevera nossa referência de apoio: "Se tendes amor, tereis colocado o vosso tesouro lá onde os vermes e a ferrugem não o podem atacar [...]". Esse lugar onde os vermes da maldade e a ferrugem da acomodação não podem atingir chama-se paz íntima, resultado inevitável de quem vibra nas faixas luminosas do autoamor.
Ermance Dufaux (Espírito)
Médium Wanderley Oliveira
Obra Emoções que Curam
Série Harmonia Interior
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