O apego acontece quando pensamos encontrar um benefício em alguma coisa ou alguém. Se a origem de algo bom, algum bem-estar é identificada, nós tendemos a nos apegar e encontramos dificuldade em abrir disto. O problema se encontra quando acreditamos obter algum benefício, quando na verdade o contrário ocorre. Normalmente, isto se dá quando o benefício ocorre de forma aparente porque de fato, a longo prazo, estaremos colhendo um resultado negativo.
Com o sofrimento é assim, de imediato, quando algo nos acontece, logo somos cercados por amigos, parentes e pessoas queridas que nos enchem de atenção e carinho. Sem perceber, os momentos de atenção se tornam muito especiais e de forma inconsciente, dependendo do tamanho da carência de cada um, queremos que se tornem freqüentes. Como consegui-lo? Sofrendo novamente.
A percepção deste fato é muito sutil, é mesmo necessário uma alta dose de consciência para percebemos este mecanismo acontecendo. Muitas pessoas permanecem e quase que alimentam um determinado fato triste ou algo ruim por conta da necessidade de atenção.
Muitas vezes, podemos ver em conversas comuns uma certa disputa sobre quem sofre mais, quem tem o maior problema, quem possui a pior doença ou quem já viveu a maior dor. É como se o detentor do maior sofrimento fosse o vitorioso da questão, o que pode angariar a maior simpatia. Todos respeitam o sofredor, todos são solidário à ele, todos correm para ajudá-lo. É assim que aprendemos e é exatamente assim, que vivemos. Ansiosos pela simpatia do outro, pela atenção que podemos ter e até mesmo pela admiração que recebemos por nossas doses de sofrimento. Isto cria um apego difícil de ser abandonado. Em casos mais críticos este apego tende a tornar-se um vício, levando muitas pessoas a viverem em constante sofrimento.
A cura
Se por um lado, o sofrimento traz atenção e carinho imediatos, por outro nos faz completamente infelizes. Pensamos, inconscientemente, encontrar um benefício e nos apegamos a ele, mas na verdade, o que temos é uma chaga que corrói até o limite do insuportável. Se não fosse pela beleza harmônica da Criação o ser humano não buscaria a cura para esta doença, mas a perfeição do Universo é tamanha que um dia cansados de sofrer nos perguntamos: o que está acontecendo comigo? E só então, iniciamos nossa busca para a felicidade.
No início, esta busca é muito árdua porque além da dificuldade em ver o que acontece, tendemos a criar resistência. E como o sofrimento é um apego/vício acabamos retornando à ele e vamos percorrendo este caminho até que tenhamos aprendido a não voltar mais.
Por mais incrível que pareça, o processo se torna difícil por conta de não sabermos viver de forma diferente, sem a mesma atenção de antes.
Não sabemos ser felizes, não estamos acostumados a isso. Não estamos acostumados a encarar pequenos problemas como coisas naturais. Não estamos acostumados a reconhecer o valor que temos em nós pelo que somos, aprendemos a depender do outro para nos valorizar.
Encontramos dificuldade em não fazer parte do grupo, podemos nos sentir excluídos deste mundo onde as disputas se dão por conta de quem sofre mais. Temos medo da falta de identificação e da rejeição. Temos medo de brilhar.
“Nosso maior medo não é o de sermos incapazes.
Nosso maior medo é descobrir que somos muito mais poderosos do que pensamos.
É nossa luz e não nossas trevas, aquilo que mais nos assusta.
Vivemos nos perguntando: quem sou eu, que me julgo tão insignificante, para aceitar o desafio de ser brilhante, sedutora, talentosa, fabulosa?
Na verdade, por que não?
Procurar ser medíocre não vai ajudar em nada o mundo ou os nossos filhos.
Não existe nenhum mérito em diminuir nossos talentos, apenas para que os outros não se sintam inseguros ao nosso lado.
Nascemos para manifestar a glória de Deus – que está em todos, e não apenas em alguns eleitos. Quando tentamos mostrar esta glória, inconscientemente damos permissão para que nossos amigos possam também manifestá-la.
Quanto mais livres formos, mais livres tornamos aqueles que nos cercam.”